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DESPEDIDAS


O nosso sofrer é sempre maior que o dos outros porque é do tamanho de nós mesmos. Mas à custa de nos guardarmos nessa capa que nos vai envolvendo em camadas que enrijecem, perdemos a visão e uma dormência tolda-nos os sentidos e acabamos por fabricar da nossa seiva um casulo que nos asfixia. Sem saber de mim perdi a medida dos que me estavam próximos e foi súbita e tardiamente que entendi que o meu pai partía. Não se recupera o que já passou mas recuperamos de nós as medidas do nosso sofrer e o que parecía desesperado tornou-se uma vaidade que passei a esconder. Tomei a mão daquele homem entre as minhas como ele fizera tantas vezes comigo, senti-o ir, vi-lhe nos olhos os mesmos olhos do cão quando eu havía partido anos antes. Não tive a fortuna de aqui, onde agora estou, me encontrar com ele. Ele chegou no seu tempo e entregou a chave das portas para a porta que escolheu. Mas o cão falou-me dele e disse-me que ía feliz no voltar.

6 memórias:

Baila sem peso disse...

Nas despedidas o casulo que asfixia
mas a tua mão o sentia...

Ele escolheu a chave para a porta
E a porta decerto o recebeu...

Os olhos do cão são um espelho
São a coberta e o chão vermelho

O regresso ao princípio...

Beijinho meu

Maria P. disse...

Intenso.
Súbita mente asfixia(me).

Bjo*

f@ disse...

Subita m e n t e

... se descobre na partilha tb uma janela que se abre...

Beijinhos

MagyMay disse...

A tua escrita "mexe", "remexe", porque entendo-a como "alma". Faltam-me em palavras as emoções, o "dom" que leio aqui...acho assim, sinto assim

Vale abraço...vales mil abraços e um Sol

Marina disse...

È triste dizermos um adeus, para sempre...

mili disse...

Comovente, profundamente comovente