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Naquela manhã não tive vontade de me levantar, correr os reposteiros e acordar a mulher que eu amava com um beijo. Não tive vontade de escrever nem de perguntar-me o que eu houvera sido antes de estar deitado como um homem que toda a vida se inquietara com a ausência de respostas que lhe trouxessem o ponto final a todas as questões impostas por si. Não tive saudades do meu amigo imaginário nem dos lugares que conhecera nas viagens pelo mundo fora. Não vi rostos do passado nem tive vontade de ver a minha figura ao espelho. Talvez não houvesse nada mais para eu fazer. Talvez eu já tivesse descoberto tudo no mundo e pela vida e a minha passagem estivesse a caducar a sua validade. Naquela manhã senti-me mais só e de uma forma tão solitariamente diferente que achei que tinha morrido e por isso não era mais capaz de me levantar.

6 memórias:

Baila sem peso disse...

Não, não podemos deixar
que a vontade
não nos deixe levantar!
Há sempre muito para fazer...
nunca caduca, a validade!
Para esses dias de passagem
em que nada nos importa
devemos abraçar uma aragem
abrir as janelas e porta...
E respirar...
sem perguntas
sem respostas...
apenas beijar um perfume
e na chama, atear o lume...
até nova manhã nascer
quentinha, em coração de lã!!

Bom domingo
Beijo com solinho

Maria P. disse...

É tão única esta escrita e ao mesmo tempo tão extensiva...

Beijinho*

~pi disse...

eu sempre sinto que acordo da morte,

sempre,

[ e muitas vezes não quero acordar, mesmo assim

porque estou serenamente morta,

não vejo motivo para perturb-ações!!



~

MagyMay disse...

Que nada!!!
São apenas momentos, intervalos, "levitares"...
A essência está todinha lá.
Levantas-te amanhã!

o Reverso disse...

sim, aceitar que se está morto não é fácil. morto, mesmo estando vivo vivo. (claro, quando se está mesmo morto aceita-se ainda com mais relutância).

mas morto ou vivo, o que interessa?

é preciso é gozar, morto ou vivo.

Anónimo disse...

o importante é acordar e renascer, desse estado de letargia existencial. força!